Um dia depois da Câmara dos Deputados derrubar o decreto da presidência que criava conselhos populares em várias instâncias da administração pública, o presidente do Senado, Renan Calheiros, disse que o decreto também não vai passar no Senado.
Não chega a ser uma grande surpresa o que está acontecendo, pois o Congresso sempre encarou esse decreto, o da criação dos conselhos populares, como uma agressão a quem foi, de verdade, eleito pelo povo.
A maioria no Congresso sempre torceu o nariz para a criação dos chamados conselhos populares para serem ouvidos "na formulação, na execução, no monitoramento e na avaliação de programas e políticas públicas e no aprimoramento da gestão pública".
Para parlamentares, isso tira poderes de quem tem representação política (deputados e senadores) e dá poderes políticos para gente sem voto, ligada a movimentos que se dizem sociais. A Câmara derrubou fácil o decreto, impondo uma derrota ao governo. Só não fez antes porque não tinha sido votada a matéria.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, peemedebista, diz que não se trata de uma desforra pelo Planalto ter apoiado, ao governo do Rio Grande do Norte, o adversário Robinson Faria, vencedor na disputa ao governo potiguar. O fato é que o PMDB se uniu à oposição contra alguns aliados do Planalto, deixando o clima ainda mais quente na base de apoio ao governo Dilma.
Heraldo PereiraBrasília, DF-Jornal da Globo
